Modalidades tarifárias: como escolher a melhor para seu perfil de consumo

Modalidades tarifárias: como escolher a melhor para seu perfil de consumo

No universo da gestão energética, a escolha da modalidade tarifária correta é fundamental para otimizar os gastos nas faturas das distribuidoras de energia e maximizar a eficiência das empresas. 

Entender como funcionam essas opções é essencial para escolher aquela que melhor se adapta ao perfil de consumo de sua empresa, que pode significar economias significativas e um melhor desempenho financeiro para o seu negócio.

Este guia tem como propósito desvendar as nuances das tarifas de energia elétrica e mergulhar nas diversas modalidades disponíveis. Boa leitura!

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O que são modalidades tarifárias?

As modalidades tarifárias são formas de cobrança de alguns parâmetros da conta de energia elétrica emitida pelas distribuidoras. Há modalidades tarifárias específicas para as unidades alimentadas em baixa ou alta tensão. Consideram o horário de consumo e a demanda que será utilizada. As tarifas aplicáveis sobre esses parâmetros são definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

O objetivo das modalidades tarifárias é incentivar o uso racional e eficiente da energia elétrica, evitando desperdício e sobrecargas no sistema elétrico. Contribuem para a otimização do uso de toda infraestrutura de distribuição de energia.

Modalidades tarifárias para os consumidores alimentados em baixa tensão

Existem dois tipos principais de modalidades tarifárias para os consumidores ligados em baixa tensão, como os residenciais, comerciais e pequenas indústrias: convencional e branca. Cada uma delas tem características específicas e resulta em menores despesas mensais de acordo com determinados perfis de consumo. Veja a seguir como elas funcionam.

1. Modalidade convencional

A modalidade convencional é a mais simples e tradicional. Nela, o consumidor paga um valor fixo por cada quilowatt-hora (kWh) consumido, independentemente do horário de consumo ou da potência que é exigida do sistema elétrico local. Essa modalidade é a mais usada por permitir flexibilidade no horário de consumo.

2. Modalidade branca

A modalidade branca é uma opção para as unidades consumidoras que têm capacidade de gerenciar o horário de consumo. Nela, o valor do kWh varia conforme o horário do dia: é mais barato nos horários de baixa demanda (fora de ponta) e mais caro nos horários de alta demanda (ponta e intermediário). Os horários com tarifas diferenciadas são:

  • Horário de Ponta: 17h30 às 20h30. Também conhecido como horário de pico, é o período com maior demanda de energia, onde as tarifas são mais caras. Essa tarifa é aplicada somente nos dias úteis de cada semana. O horário de ponta pode variar de uma concessionária para outra;
  • Horário Intermediário: 16h30 às 17h30 e das 20h30 às 21h30. Sempre uma hora antes e uma hora depois do horário de ponta. As tarifas são menores que as do horário de ponta e são aplicadas nos dias úteis da semana;
  • Horário Fora de Ponta: são as demais horas dos dias úteis, das 21h30 às 16h30 e todas as horas dos finais de semana e feriados.

O consumidor pode economizar se deslocar o consumo de energia para os horários mais baratos. 

A modalidade branca é indicada para quem normalmente tem um consumo maior nos horários fora de ponta ou nos finais de semana. É também interessante para aqueles que contam com equipamentos que podem ser programados para funcionar nos horários de menor tarifa, como equipamentos de refrigeração, máquinas de lavar, aquecedores de água com acumulação, por exemplo.

Modalidades tarifárias para os consumidores alimentados em alta tensão

Para os consumidores alimentados em alta tensão são disponíveis modalidades tarifárias horárias para as duas parcelas cobradas pelas distribuidoras – demanda e consumo. A tarifa de demanda e de consumo dos consumidores cativos variam conforme o horário do dia. São duas as modalidades tarifárias para esses consumidores: Tarifa Azul e Tarifa Verde.

  1. Modalidade tarifária Azul

A Tarifa Azul prevê valores específicos para a demanda para a parcela de consumo dos consumidores cativos de acordo com o horário de utilização.

  • Uso do Sistema (TUSD – expresso em R$/kW): também chamada de parcela de demanda, onde são aplicados valores específicos para os horários de ponta e fora de ponta. A tarifa no horário de ponta é mais elevada, buscando estimular os consumidores a diminuir o consumo nesse horário;
  • Uso do Sistema Encargos (TUSD – expresso em R$/MWh): corresponde aos valores cobrados para financiar os programas sociais e incêndios previstos em lei. Os valores são iguais para os horários de ponta e fora de ponta;
  • Consumo de energia dos consumidores cativos (TE – expresso em R$/MWh): são previstas tarifas específicas para os horários de ponta e fora de ponta. A tarifa de consumo no horário de ponta é mais elevada que no horário fora de ponta;
  • Consumo de energia dos consumidores livres: o preço dessa parcela será definido no contrato de compra e venda de energia formalizado com o vendedor. Normalmente, não há diferença nos valores cobrados nos horários de ponta e fora de ponta.

Essa modalidade tarifária é recomendada para as unidades consumidoras que apresentam um consumo mais estável ao longo de todo o período de consumo e que tenham horários de uso mais estendidos.

  1. Modalidade tarifária Verde

A Tarifa Verde prevê a cobrança de um único valor na parcela de demanda e valores diferentes para os horários de ponta e fora de ponta para a TUSD Encargos e para a parcela de energia dos consumidores cativos.

  • Uso do Sistema (TUSD – expresso em R$/kW): também chamada de parcela de demanda, é aplicado um único valor, não havendo referência aos horários de ponta ou fora de ponta;
  • Uso do Sistema Encargos (TUSD – expresso em R$/MWh): prevê a cobrança de valores diferentes para os horários de ponta e fora de ponta. O valor cobrado no horário de ponta é muito superior ao aplicado na Tarifa Azul;
  • Consumo de energia dos consumidores cativos (TE – expresso em R$/MWh): são previstas tarifas específicas para os horários de ponta e fora de ponta. As tarifas de consumo são muito parecidas com as aplicadas na Modalidade Azul. A tarifa de consumo no horário de ponta é mais elevada que no horário fora de ponta.
Consumo de energia e tarifas de energia elétrica

Como as bandeiras tarifárias são aplicadas à conta de energia elétrica?

As bandeiras tarifárias sinalizam o custo da geração de energia elétrica no país. Elas são definidas mensalmente pela ANEEL, com base nas condições hidrológicas e na necessidade de despacho de usinas térmicas para atender ao consumo do sistema elétrico.

As bandeiras tarifárias podem ser verde, amarela ou vermelha (patamar 1 ou 2), de acordo com as usinas térmicas que são acionadas. A bandeira Verde é aplicada quando as condições de geração de energia são bem confortáveis e não há necessidade do despacho de usinas termelétricas. Nas épocas de menor nível de chuvas, quando há necessidade de ligar as usinas termelétricas, poderão ser acionadas as bandeiras amarela ou vermelha. Quanto mais cara a usina que for despachada, maior o valor da bandeira que será acionada.

As bandeiras tarifárias são aplicadas à conta de energia elétrica somente dos consumidores, cativos, como um valor adicional em R$/kWh consumido. Esse acréscimo visa cobrir os custos extras com a geração térmica e incentivar o uso consciente da energia elétrica. Os consumidores livres não pagam valores referentes à bandeira tarifária.

Como escolher a melhor modalidade tarifária?

A escolha da modalidade tarifária mais adequada é um importante para otimizar os custos de sua empresa. Para tomar essa decisão informada, siga os passos a seguir:

1. Analise o perfil de consumo

Análise de consumo de energia

Entender como sua empresa consome energia é o primeiro passo para escolher a modalidade tarifária ideal. Analise os padrões de consumo ao longo do dia, da semana e do ano. Identifique os horários de pico e as variações sazonais. Essa análise ajudará a determinar seu perfil de consumo.

2. Conheça as modalidades tarifárias disponíveis para sua unidade consumidora

Conheça as modalidades tarifárias oferecidas pela distribuidora de energia para os consumidores alimentados no nível de tensão de sua unidade consumidora – baixa tensão ou alta tensão.

Cada modalidade tem critérios próprios de aplicação, com valores diferentes para o consumo, para a demanda e para os encargos setoriais. Compreender as opções disponíveis é essencial para escolher aquela que mais se encaixa às necessidades de sua empresa.

3. Pondere sobre a flexibilidade

Avalie se sua empresa tem um perfil de consumo razoavelmente constante ou muda com muita frequência. Por exemplo, a empresa opera normalmente em dois ou três turnos, como uma indústria ou data center? Ou o consumo varia muito ao longo do tempo, como, por exemplo, nos Centros de Convenções, que funcionam somente quando ocorrem eventos.

Essa flexibilidade no perfil de consumo deve ser considerada na escolha da modalidade tarifária. Dê preferência àquela tarifa que oferece menor risco de penalidade, como a ultrapassagem de demanda. Também avalie se sua empresa pode ajustar o horário de funcionamento de equipamentos de alto consumo.

4. Avalie as despesas anuais 

Simule sua fatura de energia levando em conta seu perfil de consumo e demanda horários verificados em cada um dos últimos doze meses. Com isso você poderá conhecer as despesas que ocorreriam com cada uma das modalidades tarifárias disponíveis. É muito provável que ficará evidente aquela que resultará em menores despesas.

Faça também simulações do impacto nas despesas com o deslocamento do horário de funcionamento de equipamentos importantes. Avalie os investimentos e práticas operacionais que deverão ser modificadas. Os benefícios com a redução de despesas devem ser relevantes para justificar a mudança do processo operativo. 

Compare os custos projetados para diferentes modalidades tarifárias e perfis de consumo. Isso permitirá identificar qual modalidade oferece o maior potencial de economia para sua empresa.

Lembre-se de repetir essa avaliação periodicamente. Uma boa data é logo após a publicação das tarifas da distribuidora local. Muitas vezes, a alteração nos parâmetros tarifários podem indicar a necessidade de alteração da opção utilizada.

5. Consulte especialistas

Caso não tenha toda expertise nas opções e detalhes das modalidades tarifárias, considerar o suporte de uma consultoria de especialistas no setor pode ser uma abordagem sábia. Profissionais experientes podem orientar sua empresa na escolha da modalidade mais vantajosa e personalizada. 

Esses profissionais também podem te ajudar a conduzir o processo de alteração desses parâmetros junto à distribuidora local.

Conclusão

Escolher a modalidade tarifária correta pode resultar em economias consideráveis nos custos de energia de sua empresa. Ao analisar o perfil de consumo, considerar as opções disponíveis, avaliar as demandas registrada e contratada, ponderar sobre as flexibilidades no seu perfil de consumo, avaliar o potencial de economia e, se necessário, consultar especialistas, você estará construindo as informações necessárias para tomar uma decisão estratégica com maior assertividade. 

Lembre-se de que essa escolha não é estática; é importante monitorar regularmente o consumo e ajustar a modalidade conforme necessário para maximizar os benefícios ao longo do tempo.

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