O que é a ENA e como ela afeta os preços de energia?
A sigla ENA significa Energia Natural Afluente que , em poucas palavras, corresponde à quantidade de água que chega ao reservatório de uma usina hidrelétrica e que pode ser transformada em energia.
Quando chove, parte da água vai ser usada para molhar o solo e, a partir daí, uma outra parte vai para os rios ou bacias hidrográficas. Essa vazão de água que chega nos rios alimenta os reservatórios das usinas hidrelétricas e poderá ser usada para geração de energia ou ser acumulada para geração de energia em momentos futuros.
A ENA, sendo maior ou menor, determinará a capacidade que a usina hidrelétrica poderá gerar a cada tempo. Quando o volume de energia natural afluente é baixo, muitas vezes, há necessidade de reduzir a produção da usina hidrelétrica e despachar uma usina termelétrica no seu lugar para atender o mercado consumidor.
Essa dinâmica de definição do tipo de usina que estará gerando a cada momento determina os preços de energia do mercado de curto prazo.
Continue acompanhando essa leitura para maiores informações sobre a ENA.
Qual a importância da Energia Natural Afluente?
Quando uma usina hidrelétrica é projetada, são desenvolvidos estudos hidrológicos que avaliam o comportamento da vazão do rio, o regime de chuvas e como essa chuva se converte em Energia Natural Afluente. Com base no levantamento de dados do maior período disponível, dimensiona-se a potência a ser instalada na usina, estima-se o volume de energia que pode ser gerada e dimensiona-se uma barragem para direcionar a água para as turbinas hidráulicas. Levando em conta as regras necessárias para preservação do meio ambiente, a barragem determina também o tamanho do reservatório daquela usina.
Na operação de uma usina hidrelétrica são consideradas algumas situações: a Energia Natural Afluente que está ocorrendo, a sua previsão para os próximos dias e o volume de água armazenado em seu reservatório. O volume de energia que poderá ser gerado será determinado considerando sempre a necessidade de atender ao mercado hoje, amanhã, nas semanas seguintes e nos meses seguintes. São desenvolvidas análises para otimizar o uso desse conjunto a longo prazo, criando estratégias e ações para otimizar o uso dos geradores disponíveis.
A ENA é um indicador importante para entender o movimento dos preços de mercado. A ENA é expressa, de maneira mais recorrente, como um percentual da sua média histórica ou da MLT – Média de Longo Termo, ou na forma de energia – MW médios. Quanto mais próximo da média histórica, maior é a tendência de ocorrer preços baixos.
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Desempenho da ENA
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), acompanha a ENA do conjunto de bacias hidrográficas de maior relevância. Apresenta esses dados por bacia, consolida por subsistema e para o Sistema Interligado Nacional.
O gráfico a seguir mostra a Energia Natural Afluente verificada no período novembro/2020 a outubro/2021, em cada um dos subsistemas, em percentual da MLT.
Conforme pode ser observado, ocorreu um crescimento constante no ano de 2021, chegando a 115,56% no mês de setembro.
Pode-se verificar que há uma grande variação da ENA de um mês para o outro, quando comparada com a média histórica de longo prazo. Os valores verificados dão uma indicação do que deve estar ocorrendo com o volume de água acumulado nos reservatórios. Quando a ENA ocorre em montantes abaixo da média histórica, os reservatórios vão sendo esvaziados, com o consumo da energia que foi acumulada. O PMO (Programa Mensal de Operação), elaborado pela ONs, acompanha a ENA verificada e projeta o que é esperado para as próximas semanas.
ENA e crise hídrica
No ano de 2021, o volume de ENA verificado na maior parte do Brasil foi muito inferior à verificada usualmente, tendo ocorrido, em vários meses, o pior volume de ENA da série histórica de mais de 90 anos. . O que foi ainda mais grave, e que é difícil de ocorrer, o volume de ENA foi abaixo da média histórica nos quatro subsistemas. Vivemos a pior crise hídrica da história do país. O ano de 2014 também foi de crise hídrica, não tão forte quanto à observada neste ano. Como consequência, os preços de energia vem se mantendo em um patamar elevado ao longo de todo o ano.
O acompanhamento das vazões naturais e das suas mudanças ao longo do tempo são importantes para entender a capacidade de geração das usinas hidrelétricas.
É importante ter atenção que a percepção do ritmo das chuvas é relevante, mas deve ser sempre observado o que ocorre nas regiões onde temos usinas hidrelétricas instaladas e naquelas em que há reservatórios mais significativos. Já tivemos anos em que tivemos falta de água para abastecimento humano, e abundante para geração de energia.
A chuva deve ocorrer também nos locais certos para não termos dificuldades na geração de energia a partir das usinas hidrelétricas.
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