Estudo de viabilidade para migração ao mercado livre de energia: como fazer?
A decisão de migrar para o mercado livre de energia envolve diversos fatores que precisam ser analisados com cuidado, como a projeção dos custos no mercado livre, a expectativa de aumento das tarifas no mercado regulado e os investimentos necessários para adequar as instalações do consumidor. Um dos primeiros e mais importantes passos nesse processo é a realização de um estudo de viabilidade.
Esse estudo é um investimento essencial para fornecer uma visão abrangente dos impactos e benefícios da migração. Através de uma análise detalhada, você poderá:
- Avaliar a viabilidade econômica: Identificar os custos e potenciais economias, considerando o perfil de consumo da sua empresa, as tarifas do mercado regulado e os preços praticados no mercado livre.
- Analisar riscos e oportunidades: Compreender os desafios e vantagens da migração, como aspectos regulatórios, flutuações do mercado e estratégias para mitigar riscos.
- Entender as características do mercado livre: Conhecer o comportamento dos preços no mercado livre e as melhores estratégias para evitar custos mais altos do que os do mercado regulado.
- Definir a estratégia de migração: Escolher o modelo de compra mais adequado, determinar as flexibilidades contratuais, identificar o momento ideal para a migração e estabelecer um plano de ação claro.
Realizar um estudo de viabilidade não apenas ajuda a garantir o sucesso da migração, mas também capacita sua empresa para operar eficientemente nesse novo ambiente, que exige conhecimento constante e atualização sobre as condições do mercado.
Confira a seguir os principais pontos que compõem um estudo de viabilidade. Boa leitura!

Análise de consumo de energia atual
O ponto de partida para o estudo de viabilidade é um exame detalhado do seu perfil de consumo de energia. Isso envolve:
- Coletar dados históricos de consumo: analisar o consumo de energia por período (mês, ano), tipo de carga (horário de ponta, fora de ponta) e unidade consumidora.
- Compreender as características do seu consumo: identificar os fatores que influenciam o consumo de energia, como sazonalidade, tipo de indústria, variações do mercado em que a empresa atua, processos produtivos e perfil de operação.
- Identificar oportunidades de otimização: buscar formas de reduzir o consumo de energia antes da migração, através de medidas de eficiência energética e gestão de demanda.
Com uma compreensão profunda do seu perfil de consumo, você estará munido de informações valiosas para tomar decisões estratégicas sobre a migração para o mercado livre de energia.
Fontes de dados para análise de consumo
- Fatura de energia: fornece informações sobre o consumo mensal, tarifas cobradas e histórico de pagamentos.
- Sistema de medição de energia: permite monitorar o consumo em tempo real e identificar padrões de consumo.
- Auditoria energética: avalia o perfil de consumo da empresa e identifica oportunidades de otimização.
Avaliação dos custos e benefícios
Um dos principais objetivos do estudo de viabilidade é determinar a viabilidade econômica da migração. Isso envolve:
- Analisar as tarifas do mercado regulado: o mercado regulado em que a empresa opera tem regras bem definidas para reajustes. No entanto, fatores como redução dos níveis de chuvas podem acionar as bandeiras tarifárias, aumentando custos. Construir cenários possíveis para os custos no mercado regulado é uma parte importante do processo de estudo da viabilidade econômica. Essa avaliação deve considerar de 3 a 5 anos à frente, de modo a trazer maior segurança no processo de operação no mercado livre. Aqui tem um ponto de atenção. Pesquise no mercado a expectativa de reajuste das tarifas. Evite usar percentuais como 10% ao ano, que distorce o resultado da atratividade.
- Avaliar os preços do mercado livre: outro passo importante é entender como os preços de energia no mercado livre se comportam no ano presente e anos futuros. No mercado pode-se solicitar cotações para fornecimento de energia vários anos a frente. Esse passo é importante para poder comparar os custos no mercado livre com os atualmente praticados no mercado cativo, considerando, os diferentes tipos de contratos, custos da CCEE e demais encargos.
- Estimar os custos de migração: estimar os custos de adaptação da infraestrutura, aquisição de novas tecnologias, taxas de migração e outros custos associados.
- Projetar as economias potenciais: estimar a economia de custos com base no perfil de consumo, tarifas do mercado livre e estratégias de compra de energia.
Através de uma análise precisa dos custos e benefícios, você poderá determinar se a migração para o mercado livre de energia é vantajosa para sua empresa.
Leia também: ICMS nas faturas de energia: como é aplicado nos mercados regulado e livre
Ferramentas para avaliação de custos e benefícios

- Simuladores de migração: permitem comparar os custos do mercado livre com o mercado cativo e estimar as economias potenciais.
- Planilhas de cálculo: podem ser utilizadas para calcular os custos de migração e projetar as economias.
- Consultores especializados: fornecem suporte na análise de custos e benefícios e na tomada de decisão. Essa sempre é uma alternativa a ser considerada com atenção. Há muitos detalhes nessa análise que podem influenciar na tomada de decisão. O suporte de profissionais especializados, e preferencialmente, que não vendam energia, vai auxiliá-lo a minimizar os riscos e otimizar resultados.
Legislação e requisitos regulatórios
Para operar no mercado livre de energia, é fundamental estar em conformidade com a legislação e os requisitos regulatórios vigentes. O estudo de viabilidade deve contemplar:
- Enquadramento regulatório: identificar a classificação da sua empresa (conforme porte e consumo) e as regras específicas que se aplicam à sua modalidade de atuação no mercado livre.
- Procedimentos de migração: conhecer os trâmites burocráticos e prazos envolvidos no processo de migração para o mercado livre de energia.
- Contratos a formalizar: entenda os contratos que deverão ser rescindidos e os que deverão ser assinados no ambiente livre. Lembre-se que sua empresa continuará a manter contrato para uso da infraestrutura da distribuidora de energia local. A negociação desses contratos assegurará maior segurança a curto e médio longo prazos.
Contar com o suporte de um profissional especializado no mercado de energia vai garantir a adequação da sua empresa à legislação e ainda auxiliará na negociação de condições — de preço e contratuais, mais favoráveis. Profissionais sem vínculo com geradores ou comercializadores ajudarão a conseguir melhores resultados.
Escolha do fornecedor e negociação de contratos
Um dos aspectos cruciais do processo de migração é a seleção do fornecedor de energia ideal para as suas necessidades. O processo envolve:
- Perfil do vendedor: conhecer as características de cada fornecedor é importante para as operações do dia-a-dia. A solidez empresarial e a flexibilidade comercial são fatores importantes a considerar.
- Análise de mercado: pesquisar e comparar as ofertas de diferentes geradores e comercializadoras de energia, considerando preço, produtos, histórico de atuação e serviços oferecidos.
- Avaliar o perfil de risco do fornecedor: analisar a solidez financeira do fornecedor e sua capacidade de cumprir com os contratos firmados.
- Negociação de contratos: negociar os termos do contrato de compra de energia, incluindo preço, indexador, volume de energia, prazos e penalidades.
Uma negociação assertiva com os vendedores de energia pode gerar economias significativas na fatura mensal de energia.
Veja também: Mercado Livre de Energia para consumidores de menor porte: como funciona
Análise de riscos e estratégias de mitigação
O mercado de energia é dinâmico e apresenta riscos inerentes, como a flutuação dos preços da energia. O estudo de viabilidade deve contemplar:
- Identificação dos riscos: avaliar os riscos associados à migração para o mercado livre, tais como variação de preços, inadimplência do fornecedor e alterações regulatórias.
- Desenvolvimento de estratégias de mitigação: implementar estratégias para minimizar os riscos identificados, como a diversificação de fontes de suprimento, a utilização de instrumentos de mercado (contratos futuros) e a adoção de medidas de gestão de demanda.
Com um plano de mitigação de riscos bem estruturado, você estará mais preparado para enfrentar os desafios do mercado livre de energia e garantir a estabilidade do seu fornecimento energético.
Conclusão
A migração para o mercado livre de energia pode ser uma estratégia vantajosa para empresas que buscam reduzir custos, otimizar o consumo e ganhar autonomia sobre a sua gestão energética. No entanto, para tomar uma decisão assertiva, é fundamental realizar um estudo de viabilidade completo.
Este guia te forneceu uma visão panorâmica das principais etapas envolvidas no estudo de viabilidade. Ao investir nessa análise criteriosa, você estará abrindo caminho para uma migração segura, econômica e sustentável para o mercado livre de energia.
Quer saber mais? Converse com um de nossos especialistas!