Com a introdução das fontes renováveis intermitentes, garantir a segurança e a confiabilidade do fornecimento é um dos desafios importantes a serem enfrentados. O Mercado de Capacidade é uma das soluções para atender a essa demanda crescente, desvinculando a geração de energia da entrega de capacidade firme, abrindo portas para um futuro energético mais eficiente e sustentável.

O que é o Mercado de Capacidade?

A demanda por energia elétrica varia ao longo do dia e do ano, com picos em determinados momentos. Além disso, as fontes renováveis (como solar e eólica), que são intermitentes, aumenta a necessidade de garantir que haverá energia disponível quando o sol não estiver brilhando ou o vento não estiver soprando. O mercado de capacidade é uma resposta a esses desafios, assegurando que haverá sempre capacidade de geração suficiente para atender ao consumo a cada instante.

O Mercado de Capacidade opera remunerando os agentes que garantem a disponibilidade de potência para atender à demanda durante períodos críticos. Isso significa que, esses geradores são remunerados por deixar disponível uma usina para ser despachada em momentos de necessidade e pelo volume de energia que gerar quando for acionada. Essas usinas agregam segurança ao sistema energético. 

Em diversas regiões do mundo, como em partes dos Estados Unidos, na União Europeia (em países como o Reino Unido e a França), o mercado de capacidade tem sido implementado com o objetivo de assegurar a confiabilidade do sistema elétrico. Cada um desses mercados tem regras e características adaptadas à realidade local. Esse mecanismo busca equilíbrio entre a garantia de fornecimento e a eficiência econômica.

Hoje o Brasil conta com um conjunto importante de usinas que são contratadas com essa modalidade de remuneração. Quando são acionadas, os preços de energia no mercado de curto prazo sobem. Esse é o custo da segurança energética por períodos curtos.

As discussões de separação de lastro e energia

Tradicionalmente, a geração de energia era atrelada à entrega de capacidade firme, o que limitava a flexibilidade do sistema e gerava ineficiências. A separação de lastro e energia redefine essa lógica, permitindo que as empresas se especializem em suas áreas de expertise, seja na geração de energia, na entrega de capacidade ou em ambas.

A separação de lastro e energia é um conceito novo nos mercados de eletricidade, aplicado em regiões que liberalizam ou desregulamentam o setor elétrico. Visa assegurar a confiabilidade do sistema elétrico, remunerando as usinas de acordo com seus atributos de geração e garantia de confiabilidade na geração. Vamos entender como funciona essa separação.

Energia

A energia refere-se ao montante que foi gerado. O mercado de energia lida com a compra e venda dessa eletricidade. Os preços podem variar em curtos períodos, influenciados por fatores como demanda, oferta, condições climáticas e custos de combustíveis.

Lastro

O lastro refere-se à capacidade de gerar energia. Está associado à sua disponibilidade e possibilidade de atender ao despacho de geração nos momentos necessários para atendimento ao consumo, inclusive durante os horários de pico. Por exemplo, uma usina eólica teria uma remuneração pela sua capacidade menor que uma usina a gás. A remuneração pelo lastro está associada à sua resposta ou falta dela quando são despachadas pelo operador nacional.

A separação desses dois componentes oferece várias vantagens:

• Eficiência Operacional e de Mercado: Permite que o mercado de energia opere de maneira mais eficiente, com preços refletindo mais precisamente as características de cada fonte energética.

• Incentivos para Investimento: Ao compensar separadamente a disponibilidade de capacidade, cria-se um incentivo para o investimento em novas usinas de geração e em tecnologias de armazenamento de energia, garantindo a confiabilidade a longo prazo.

• Flexibilidade e Inovação: Facilita a integração de fontes de energia renováveis intermitentes, como solar e eólica, ao sistema elétrico, incentivando também soluções de gestão da demanda e armazenamento de energia.

A separação de lastro e energia é uma estratégia que busca equilibrar a eficiência do mercado, incentivando a competição e o incremento da confiabilidade do sistema elétrico.

A separação de lastro e energia é um conceito novo nos mercados de eletricidade, aplicado em regiões que liberalizaram ou desregulamentaram o setor elétrico. Visa assegurar a confiabilidade do sistema elétrico, remunerando as usinas de acordo com seus atributos de geração e garantia de confiabilidade na geração. Vamos entender como funciona essa separação.

A implantação de um mercado de capacidade envolve várias etapas e requisitos complexos. Algumas das principais exigências são:

• Planejamento e Definição de Requisitos de Capacidade: Estimativas da demanda futura de eletricidade são fundamentais para determinar a quantidade de capacidade necessária, antevendo as tendências de consumo e impactos de novas tecnologias.
• Estrutura Regulatória e Legal: É necessário ajustar a legislação para permitir a introdução e operação do mercado de capacidade. As regras devem ser claras com critérios de elegibilidade para participantes, mecanismos de precificação e penalidades por não cumprimento.
• Determinação de Preços: Definir metodologias para a determinação dos preços de capacidade, por fonte energética, que reflitam seus atributos e incentivem investimentos.
• Transparência e Monitoramento: Estabelecer mecanismos de monitoramento para prevenir manipulação de mercado e garantir a transparência.

Implementar um mercado de capacidade é um processo complexo que requer cuidadosa consideração de muitos fatores técnicos, econômicos e regulatórios. O sucesso dessa implementação depende de um planejamento detalhado, consulta a stakeholders, e uma abordagem flexível que permita ajustes baseados na experiência acumulada e nas mudanças nas condições de mercado.

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Impacto na confiabilidade do sistema energético

Ao desvincular a geração de energia da entrega de capacidade firme, o Mercado de Capacidade abre um leque de benefícios para a segurança do sistema, impulsionando a eficiência e a sustentabilidade.

1. Garantia da Disponibilidade de Energia

O Mercado de Capacidade atua como um guardião da confiabilidade, garantindo a disponibilidade de energia durante períodos críticos ou de alta demanda, como picos de consumo no verão ou em dias frios. Através de mecanismos de remuneração pela capacidade, há incentivos  à diversificação da matriz energética, atraindo investimentos em fontes renováveis, como eólica e solar, e tecnologias de armazenamento, como baterias.

 2. Diversificação da Matriz Energética:

O Mercado de Capacidade promove um sistema energético mais robusto e resiliente, reduzindo a dependência de fontes tradicionais, que podem ser vulneráveis a flutuações de preço e impactos ambientais. 

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 3. Armazenamento de Energia

O Mercado de Capacidade abre portas para a integração de tecnologias de armazenamento de energia, como baterias, que assumem um papel fundamental na gestão da demanda e na garantia da confiabilidade do sistema.

 4. Incentivo à Eficiência

O Mercado de Capacidade impulsiona a busca por soluções inovadoras para otimizar o uso dos recursos energéticos, promovendo a eficiência em todas as etapas da cadeia de valor.  

5. Flexibilidade e Adaptabilidade

O Mercado de Capacidade proporciona flexibilidade ao sistema energético para lidar com os desafios de um mundo em constante mudança, como o crescimento da demanda por energia, a integração de fontes renováveis e as mudanças climáticas. 

Conclusão

O Mercado de Capacidade representa um passo fundamental para a construção de um futuro energético mais seguro, eficiente e sustentável. Ao desvincular a geração de energia da entrega de capacidade firme, abrimos portas para a diversificação da matriz energética, a otimização dos recursos e a atração de investimentos para o setor. 

Com um planejamento cuidadoso e uma implementação eficaz, o Brasil pode aproveitar ao máximo o potencial do Mercado de Capacidade para garantir a segurança do fornecimento de energia e impulsionar o desenvolvimento do país.