Demandas de transmissão e renováveis desafiam modelo de leilões
Carlos Schoeps
A discussão sobre o desenho dos leilões do setor elétrico brasileiro está diretamente ligada ao bolso e à segurança de fornecimento dos consumidores. Com a expansão das fontes renováveis (eólica e solar) e o crescimento acelerado da malha de transmissão – de 69 mil km nos anos 1990 para cerca de 190 mil km hoje – o foco agora é resiliência da rede diante de eventos climáticos extremos, como os ventos de mais de 200 km/h registrados no Paraná. Para o consumidor, isso significa revisão na concepção e na execução dos leilões de transmissão para minimizar interrupções, necessidade de mais geração emergencial e tarifas mais altas para compensar riscos e ineficiências.
Os representantes da ANEEL, Abrate, Apine e CCEE ressaltaram que a inserção de renováveis, sistemas de armazenamento por baterias e soluções híbridas (térmica + solar + armazenamento) exige mecanismos regulatórios mais modernos e leilões mais bem desenhados. Quando bem estruturados, esses leilões aumentam a competitividade entre projetos, geram deságios médios expressivos (na casa de 40%), mas ainda vão resultar em alta estrutural de custos que chegará à conta de luz de residências, comércios e indústrias. Já um ambiente de incerteza – com atrasos de licenciamento, ruídos regulatórios, mudanças de regras ou revisões de contratos – encarece o capital, reduz apetite de investidores e tende a elevar os preços de longo prazo repassados aos consumidores.
Do ponto de vista do consumidor, a mensagem central é que leilões, com regras estáveis, concorrência real entre fontes e transparência são instrumentos para combinar segurança de fornecimento e minimizar os aumentos tarifários. Acompanhar a evolução desse modelo de leilões é estratégico para acompanhar a tendência do custo marginal de energia e de transmissão. Consultoria especializada em energia agrega valor, traduzindo decisões regulatórias complexas em impacto econômico, apoiando na definição de estratégias de contratação, gestão de risco e posicionamento frente às mudanças estruturais do setor elétrico brasileiro.