Demanda e oferta de energia na América Latina: desafios e oportunidades

Demanda e oferta de energia na América Latina: desafios e oportunidades

A energia renovável na América Latina é um tema central para o desenvolvimento da região. A região tem um grande potencial para fontes renováveis como energia solar e eólica, mas ainda enfrenta desafios significativos para otimizar sua utilização. Países como Brasil, Chile, Colômbia e México são altamente aptos a explorar essas fontes de energia renovável, e a transição energética tem gerado impactos visíveis no mercado.

Preços voláteis de energia: um desafio para a integração energética

Os preços voláteis da energia na América Latina são uma preocupação crescente. No Chile, por exemplo, a alta penetração de energia solar tem levado a preços próximos de zero durante o dia, mas também a altos custos em horários de pico. 

Já no Brasil, a geração de energia mais cara em horários de pico reflete a complexidade da transição para fontes renováveis. As diferenças de preços entre as regiões, como o Nordeste e o Sudeste, indicam a necessidade de programas de incentivo para ampliação da carga em regiões produtoras de energia e melhorias na infraestrutura de interconexão entre as regiões.

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Desafios da infraestrutura no nordeste brasileiro

O Nordeste do Brasil é um grande produtor de energia e exporta boa parte do que gera,  mas enfrenta desafios com a capacidade da interconexão com outras regiões, afetando a segurança das redes elétricas. A implantação massiva de fontes geradoras intermitentes eleva os desafios para a gestão dos sistemas de transmissão para atender a demanda. 

Consumo menor que a capacidade de geração e limitações de linhas de transmissão vem elevando os níveis de cortes na geração de energia, desestimulando novos investimentos e provocando prejuízos de elevada monta para empreendimentos já em operação.

Além disso, a forte penetração da geração distribuída, que também se utiliza de tecnologias de geração intermitente, vem contribuindo para o aumento da oferta de energia nos pontos de consumo, diminuindo a necessidade da energia gerada de usinas de maior porte. . Isso ressalta a urgência de repensar políticas de expansão e incentivos à energia renovável, incluindo a geração distribuída.

Interconexão elétrica: o papel da cooperação regional

A interconexão elétrica entre países da América Latina poderia fortalecer a resiliência do sistema elétrico regional e otimizar custos para os consumidores. A combinação das diversas fontes de geração pode contribuir para otimizar os investimentos na região, ao mesmo tempo que estimula o uso das fontes renováveis e tecnologias complementares.

Ainda há um elevado potencial para explorar a geração hidráulica na região, tanto no Brasil, como em países vizinhos. Alguns projetos de hidrelétricas em países vizinhos ao Brasil foram estudados, mas ainda não saíram do papel devido a diversos desafios. 

Um exemplo é a usina hidrelétrica de Inambari, no Peru, que foi planejada para ter capacidade instalada de cerca de 2.000 MW, sendo que 80% da geração seria exportada para o Brasil.

Outro caso é o projeto da usina binacional Garabi, no rio Uruguai, na fronteira entre Brasil e Argentina. A potência instalada estimada para a usina seria de 1.800 MW. Esse projeto faz parte de um complexo energético que inclui também a usina de Panambi, com uma potência adicional, totalizando cerca de 2.200 MW para o complexo.

 Essas usinas poderiam aproveitar o potencial hídrico da bacia do rio Uruguai e promover a integração energética entre os dois países. 

Além disso, a usina de Cachuela Esperanza, na Bolívia, também permanece em estudo. Com uma capacidade instalada estimada em 900 MW, poderia contribuir para a regularização da vazão do rio Madeira, aumentando a capacidade de geração das usinas Santo Antonio e Jirau.

A exemplo da usina de Itaipu, a construção de hidrelétricas exemplificam como a cooperação internacional pode aumentar a capacidade de geração e promover uma gestão mais eficiente dos recursos energéticos. Dessa forma, contribuir para o desenvolvimento dos países com o oferecimento de energia renovável a preços competitivos, atraindo investimentos de indústrias e data centers, por exemplo, e ainda evitando a necessidade de implantação de usinas termelétricas.

A integração com outras fontes energéticas, como o gás natural da Bolívia, também proporcionou o desenvolvimento dessa indústria no país, permitindo agora o uso do gás produzido nas plataformas marítimas. Em futuro próximo, com o esgotamento das reservas bolivianas, o Brasil poderá suprir o país vizinho com esse mesmo energético.

Geração distribuída: desafios e oportunidades

A expansão da geração distribuída, com o aumento da instalação de painéis solares em residências e empresas, tem sido uma solução importante para atender à carga energética local. No entanto, a implantação de novas usinas de pequeno porte, feitas de forma individual, acaba fugindo do planejamento central de expansão energética. 

A falta de coordenação pode resultar em sobre-ofertas em determinadas regiões, dificuldades de gerenciamento do sistema elétrico e cortes de geração de usinas de maior porte. 

Essa já é uma realidade no Brasil, onde o Operador Nacional já estima que, dentro de alguns anos, diversas subestações de distribuição estarão no limite de sua capacidade por conta da expansão acelerada da geração distribuída. 

Essa realidade vai exigir investimentos pesados em infraestrutura de transmissão e distribuição para evitar a perda de recursos energéticos. A expansão das fontes distribuídas intermitentes pode gerar dificuldades para o setor energético na região.

Soluções para o futuro energético na América Latina

Para garantir o sucesso da integração energética e otimizar a oferta de energia renovável, é fundamental adotar uma abordagem conjunta e estratégica nas políticas públicas, objetivando o desenvolvimento econômico da região. Focar na atração de consumidores intensivos em energia, como indústrias e data centers, pode ser uma estratégia eficaz para aproveitar a capacidade de geração disponível, explorar o potencial de fontes energéticas e impulsionar a economia regional.

Cooperação regional para um futuro energético sustentável

A cooperação regional será essencial para a sustentabilidade energética na América Latina. As políticas devem ser desenhadas não apenas para resolver problemas imediatos, mas para construir um futuro energético robusto e integrado, capaz de promover o desenvolvimento econômico e reduzir os riscos associados à escassez de recursos.

A América Latina tem uma grande oportunidade de se tornar líder em energia renovável, mas isso só será possível com investimentos em infraestrutura, políticas mais eficientes e maior cooperação entre os países da região.

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