O risco real para a rede elétrica
Editorial do Wall Street Journal
A escassez de energia está chegando graças aos subsídios eólicos e solares. Veja como eles distorcem o investimento em energia.
Os democratas estão atacando o projeto de lei orçamentária do Partido Republicano por eliminar gradualmente os subsídios para energia eólica e solar, alegando que isso causará escassez de energia e tarifas elétricas mais altas. As evidências sugerem o contrário, como ilustra um novo estudo do Departamento de Energia.
Como escrevemos há anos, a confiabilidade da rede elétrica dos EUA está com problemas. O relatório de energia projeta possíveis déficits de energia em 2030, à medida que 104 gigawatts de energia de carga de base se aposentam nos próximos cinco anos. Mas aqui está a má notícia: esses déficits existirão mesmo que essa produção seja substituída, como esperado, por 209 gigawatts da geração principalmente solar e eólica em desenvolvimento.
Em 2030, estima-se que os americanos ficarão sem energia por uma média de 817,7 horas (34 dias), assumindo condições climáticas típicas. Se ondas de calor ou tempestades estressarem a rede, as interrupções podem chegar a 55 dias. Mesmo sem o fechamento de usinas, os americanos perderiam energia por 269,9 horas (11 dias) em meio ao crescimento da demanda. A escassez de energia seria pior na América Central, onde a demanda está crescendo mais rapidamente devido aos data centers de IA e as energias renováveis estão deslocando carvão e gás.
Como pode ser isso? A resposta é que a Lei de Redução da Inflação (LRI) turbinou os subsídios para energia eólica e solar de maneiras que estão distorcendo o investimento em energia. Como os subsídios podem compensar mais de 50% do custo de um projeto, a energia solar e eólica tornou-se mais lucrativas de construir do que novas usinas de gás para operar na base. Os créditos permitem que a energia eólica e solar subvalorize as usinas de carvão e gás em mercados de energia competitivos.
É de se admirar que a energia solar, eólica e as baterias (que também se qualificam para subsídios do LRI) representem 93% da nova capacidade de eletricidade em escala de utilidade este ano? Usinas de carvão, nuclear e gás ainda são necessárias para fazer backup de energia solar e eólica, mas não podem faturar apenas parte do tempo. Assim, muitas estão fechando, colocando em risco a confiabilidade da rede.
O lobby das energias renováveis afirma que novas usinas de gás não podem ser construídas a tempo de atender à crescente demanda de energia. Portanto, continua o argumento, os contribuintes devem subsidiar a energia eólica e solar para atender à demanda por energia elétrica. Mas se o que eles dizem é verdade, por que a energia eólica e solar precisa de subsídios? Haveria um incentivo de mercado para construir energia eólica e solar de qualquer maneira.
É verdade que há uma escassez de novas turbinas a gás devido ao aumento da demanda global. Mas os fabricantes de turbinas estão expandindo a produção, e a eliminação gradual dos créditos fiscais do Imposto de Renda lhes dará mais certeza para fazer investimentos em nova capacidade.
Os fabricantes de turbinas expandiram a produção no início dos anos 2000, à medida que a demanda por novas usinas a gás aumentou, mas ficaram com excesso de capacidade quando a demanda enfraqueceu na década passada. Isso ocorreu em parte porque os subsídios federais e as políticas estaduais para a energia renovável incentivaram as concessionárias a adquirirem energia solar e eólica em vez da produzida a partir do gás.
Os projetos eólicos e solares também enfrentam longos tempos de espera para se conectar à rede – de quatro a nove anos, de acordo com um estudo recente. A LRI ampliou esses atrasos aumentando o número de projetos em andamento. Portanto, a eliminação gradual dos créditos fiscais pode beneficiar projetos renováveis que não precisam de subsídios para serem econômicos.
A alegação de que os créditos fiscais reduzem as tarifas elétricas é contrariada pela experiência. A energia eólica e solar deve ser apoiada por usinas a gás que operam nos horários de pico ou baterias, que custam três vezes mais do que a energia de base. As energias renováveis também causam picos de preços quando há escassez de energia e exigem mais investimentos em transmissão para equilibrar as flutuações nas cargas e frequências.
É por isso que os preços da energia residencial do Texas aumentaram cerca de 40% nos últimos sete anos. O lobby renovável diz que os benefícios financeiros dos créditos fiscais são repassados aos clientes de eletricidade, o que pode ser verdade quando as concessionárias regulamentadas pelo estado constroem projetos. Mas os créditos geralmente aumentam os lucros de geradores independentes.
A melhor maneira de tornar a rede confiável novamente é deixar a oferta e a demanda funcionarem nos mercados de energia sem as distorções de mandatos e subsídios. O projeto de lei orçamentária do Partido Republicano dá um passo nessa direção que deve ser bem-vindo.
